19 de fevereiro de 2020

A desigualdade no consumo de medicamentos

A desigualdade no consumo de medicamentos

Diversos fatores influenciam na não adesão ao tratamento, como questões socioeconômicas ou relacionadas à compreensão sobre os benefícios do medicamento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), menos de 60% dos pacientes com diabetes e menos de 40% dos pacientes hipertensos seguem as prescrições. E não é por falta de farmácia. Mesmo assim, o consumo de remédios varia conforme o perfil de cada país, o que reforça o papel de orientação do farmacêutico para reverter esse cenário.

No Brasil, existe uma farmácia para cada 2.700 habitantes, número muito próximo ao dos países europeus. Entretanto, o consumo per capita de medicamentos de prescrição é baixo em relação aos países desenvolvidos. O brasileiro consome, em média, US$ 82 ao ano em medicamentos de prescrição, segundo levantamento da IQVIA. Nossos vizinhos argentinos gastam US$ 88, enquanto em países como o Canadá a média chega a US$ 500. Nos Estados Unidos, o valor é de US$ 1.000.

Para tornar o panorama ainda mais complexo, enquanto Distrito Federal (US$ 128), Rio de Janeiro (US$ 112), Santa Catarina (US$ 97) e São Paulo (US$ 96) estão acima da média nacional, o gasto fica ainda menor em Pernambuco e Sergipe – em torno de US$ 35. “Isso quer dizer que a população tem apenas US$ 3 reservados para compras de medicamentos por mês, cerca de R$ 12. Não há como garantir um tratamento clínico de qualidade nessas condições”, afirma Eduardo Rocha, diretor-sênior de relacionamento com parceiros estratégicos, para a América Latina da IQVA.

O Brasil está dentro da média geral de habitantes por farmácia. A Argentina tem uma farmácia para cada 3.200 pessoas, contra 3.000 do México e 2.900 da França. Também existem os extremos. Os Estados Unidos têm 61.600 farmácias, sendo uma para cada 5.300 habitantes, e a África do Sul conta com uma para cada 13.400.