5 de março de 2020
Além da indústria de medicamentos, o mercado de equipamentos de saúde de alta tecnologia tem sido um campo novo e promissor para farmacêuticos. Um dos exemplos que mostra esse cenário encontra-se em Belo Horizonte (MG). Na capital mineira, funciona uma multinacional voltada para a produção de dispositivos médicos. São produtos inovadores que revolucionaram a área de saúde. A empresa tem fábrica em vários países do mundo e fornece equipamentos de saúde de ponta em várias áreas como a cardiologia intervencionista, que é o foco da fábrica em MG.
O farmacêutico industrial e diretor de produção, Valdeloi Rocha Teixeira, relata como esse setor pode ser amplo para a atuação do farmacêutico. “A área de produção de dispositivos médicos é uma área que está em expansão e é também uma área muito promissora para os farmacêuticos. É bastante similar à indústria farmacêutica, especialmente quando se fala em manufatura, qualidade, controle ambiental e assuntos regulatórios”.
Valdeloi explica que, na indústria, o farmacêutico pode atuar nas áreas de gestão de processos de fabricação, gestão de pessoas, controle e garantia de qualidade, microbiologia, monitoramento ambiental e melhorias de processos e também assuntos regulatórios. “O campo é muito amplo e o farmacêutico com a visão de processo e visão sistêmica de toda a empresa tem uma vantagem nesta área”.
O farmacêutico ressalta que o processo de fabricação das válvulas segue padrões de qualidade e normativas como o ISO 13485 e a RDC 16 da Anvisa. “Nós investimos pesado em treinamento, validação e monitoramento de nossos processos. Cada produto é inspecionado e testado seguindo condições estabelecidas que simulam o funcionamento do corpo do paciente. Pela facilidade de implante e menor risco para o paciente – porque a recuperação do paciente após o processo cirúrgico é muito mais rápida – o mercado de válvulas percutâneas está crescendo rapidamente”.
Na unidade, são fabricadas válvulas cardíacas transcateter, um produto inovador usado no tratamento de estenose aórtica. Valdeoli descreve que a válvula é feita de um stent auto expansível, que é feito de nitinol – uma liga metálica-, e uma parte biológica que é pericárdio porcino. O pericárdio porcino é suturado utilizando suturas cirúrgicas no stent de nitinol. Em cada válvula há mais de mil pontos de sutura.
“Em pacientes nessa condição é preciso fazer a troca da válvula aórtica e isso pode ser feito em dois procedimentos distintos. O procedimento tradicional é a cirurgia cardíaca, que é feita através da abertura do tórax para acessar o coração do paciente e, também, circulação extracorpórea. A circulação sanguínea do paciente é feita através de um equipamento durante todo o processo. A nova técnica é um procedimento minimamente invasivo, no qual a válvula é implantada através de um cateter. É feita uma pequena incisão na virilha do paciente para acessar a artéria femoral e o cateter é introduzido, então, junto com a válvula pela artéria femoral até chegar no coração. Todo o percurso e o posicionamento da válvula no local correto, no coração, são monitorados com técnica de radioscopia e ecocardiografia”, detalha o farmacêutico”.
Formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, Valdeloi possui 20 anos de experiência na indústria. “Iniciei a carreira na área de produção de medicamentos, onde permaneci por cinco anos. Tive então a oportunidade de conhecer uma área nova que é a área de produtos médicos, onde estou há 15 anos. É uma área muito interessante, onde se tem uma visão ampla do processo fabril, o que me possibilitou também sucesso profissional”. Atualmente, 15 farmacêuticos trabalham na multinacional, em Belo Horizonte. Eles atuam nas áreas de produção, qualidade, engenharia de manufatura, microbiologia e assuntos regulatórios.
Fonte: Comunicação do CFF